“The X Factor” é o maior reality show de competição do mundo, servindo de berço para um extenso leque de talentosos artistas.
OO site de notícias Business Insider classificou, em janeiro desse ano, os 20 melhores programas de televisão do Reino Unido do ano 2016. Shows de entretenimento como o Strictly Come Dancing, I’m a Celebrity… Get Me Out of Here! e Gogglebox foram alguns dos prestigiados na lista que elegeu o The Great British Bake Off, como o mais popular e bem sucedido show da english telly. The X Factor (TXF), show criado pelo inglês Simon Cowell e exibido pela ITV, nem arranhou uma classificação no Top 20. O jornal inglês The Telegraph publicou a notícia que o programa de competição musical tem lutado por audiência já há algum tempo, sendo que a temporada atual, de número 14, atingiu o menor número de espectadores desde a sua estreia, em 2004.
O programa é conhecido por ser uma franquia e possuir inúmeras versões mundo afora, como nos Estados Unidos (extinta), Austrália, Filipinas, Itália e Romênia. O Brasil realizou sua primeira edição no ano de 2016, porém após baixas audiências a emissora de TV Band, detentora dos direitos autorais no país, decidiu não dar continuidade ao programa e cancelou a segunda temporada prevista para esse ano. Mas será mesmo que o programa está chegando ao fim? Apesar de toda a movimentação contra o show, que contesta seu real apoio à qualidade musical e busca por artistas diferentes, é inegável o seu sucesso em ainda atrair milhões de espectadores após 13 anos no mercado, e de projetar artistas que se tornam grandes figuras do cenário pop.
O Formato
No início do mês de setembro, a versão inglesa do The X Factor deu largada à sua 14a temporada, contando com o mesmo time do ano passado no painel: seu criador Simon Cowell, o empresário musical Louis Walsh, a empresária e apresentadora Sharon Osbourne e a cantora Nicole Scherzinger. Retomando assim o golden panel do programa, originalmente composto por Simon, Sharon e Louis. Nicole repete a dose do ano passado tendo sido duas vezes residente do painel e ter substituído colegas em várias ocasiões. O cargo de apresentador ficou novamente para o inglês Dermot O’Leary, marcando a sua 10a rodada como moderador do TXF.
Atualmente o The X Factor encontra-se na etapa das audições. Ou seja, a caravana do reality passa pelas maiores cidades do Reino Unido dando a oportunidade de pessoas interessadas fazerem um teste vocal na frente dos quatro jurados. Em 2016, as Audições voltaram a acontecer nos audition rooms (ambientes restritos) ao contrário de outras edições, que realizaram os testes em grandes estádios com plateias lotadas. Os que recebem pelo menos três “sim” passam para a fase conhecida como Bootcamp, que tem o papel de peneirar o grande número de participantes, esses por sua vez são divididos em quatro categorias: as Meninas (idade 14-25 anos), os Meninos (14-25 anos), os Overs (acima de 25) e os Grupos.
Após o Bootcamp (tradução: Treinamento “Militar”), os aprovados passam para o temido Six Chair Challenge (tradução: Desafio das Seis Cadeiras). Etapa na qual todos performam em frente aos jurados pela chance de garantir uma cadeira. Só ao final de todas as apresentações é que os concorrentes sentados podem respirar aliviados, uma que fez que durante toda a fase das cadeiras eles podem enfrentar a possibilidade de serem trocados por alguém considerado melhor.
Os seis melhores de cada segmento do The X Factor seguem para os Judges’ Houses (tradução: Casa dos Jurados), hora que cada um deles segue para as casas do mentor de sua respectiva categoria. Nessa etapa é feita uma nova seleção dos candidatos e o mentor sempre conta com a ajuda de um amigo próximo, seja ele cantor, compositor, DJ ou empresário do ramo musical. Calvin Harris, Robbie Williams, Mel B e a vice-campeã do ano de 2015, Fleur East, foram alguns dos convidados a auxiliarem os mentores na última temporada, a de número 13. Assim, quatro dos escolhidos passam para os Live Shows (tradução: Apresentações Ao Vivo), batalhando, então, para chegarem até a final, em dezembro, que geralmente acontece na prestigiada Wembley Arena, em Londres.

O ganhador, então, ganha um contrato de um milhão de libras com a Syco Music, gravadora subsidiária da Sony Music e com Simon Cowell como fundador. Outros participantes (que podem até mesmo ter ficado em terceiro, quarto, ou quinto lugar), no entanto, também acabam assinando com a gravadora, ganhando um contrato padrão de quatro ou cinco anos.
Histórias de Sucesso
Muitos nomes corriqueiros na indústria musical britânica e mundial passaram pelo The X Factor. Alguns de seus vencedores são: Leona Lewis (dona do hit Bleeding Love), Alexandra Burke (Hallelujah, 2009), James Arthur (Say You Won’t Let Go, 2016), Louisa Johnson (Best Behaviour, 2017) e Little Mix (Black Magic, 2015; a girlband da temporada de 2011 foi o primeiro e único grupo musical a vencer o programa).
Pode-se argumentar que a maior exportação do The X Factor para a indústria da música não ganhou a competição e nem mesmo chegou a ser vice: a banda pop One Direction. Harry, Liam, Niall, Zayn e Louis realizaram testes solos para entrar na disputa e após serem descartados na Bootcamp, os jurados acreditaram que juntos, os cinco teriam uma chance de ir longe no programa. As profecias foram concretizadas e a boyband se tornou o maior exemplo de sucesso de qualquer edição já feita pelo TXF, em qualquer lugar do planeta. A One Direction veio a lançar cinco álbuns durante os anos de 2011 e 2015, venderam mais de 70 milhões de discos (segundo a Modest Management) e ganharam cerca de 25 prêmios da indústria musical, dentre eles, três BRIT Awards, o Grammy britânico. Desde janeiro de 2016 a banda vive um hiatos para que os membros possam, entre outros motivos, realizar projetos individuais. Um retorno ainda não foi programado.

Outro caso interessante vindo do programa é o de Olly Murs. O cantor pop estreou na 6a temporada, em 2009, e chegou a ser o vice campeão, demonstrando por todo o programa seu carisma e sua personalidade afável. Em 2011, Olly foi convidado a a co-apresentar o The Xtra Factor, programa complementar com entrevistas e comentários transmitido logo após o fim de cada episódio das Live Shows. Durante a edição de 2015, o cantor virou co-apresentador do programa. Três anos após estrear no programa, Olly Murs se viu com quatro singles no topo das paradas britânicas (Please Don’t Let Me Go, Heart Skips a Beat, Dance with Me Tonight e Troublemaker). Sua parceria com a ex-participante Louisa Johnson, intitulada Unpredictable, acumula 4,2 milhões de visualizações no Youtube.
O grande debate que “assombra” o programa é a originalidade de cada temporada. Muitos argumentam que o The X Factor acreditou encontrar a fórmula de seu “sucesso” e optou por repetir a cada ano esse know-how. Ou seja, a cada edição, seus espectadores são bombardeados com histórias dramáticas coreografadas, personagens beirando o ridículo, performances clichês e comentários que já foram repetidos centenas de vezes (Louis Walsh já afirmou ter encontrado “a próxima grande boyband” um zilhão de vezes).
Porém, mesmo mostrando nada de novo em sua narrativa, as edições são bem editadas; takes de backstage com os jurados em momentos descontraídos, as músicas do momento ao fundo e o embalo dos choros são o que tocam aqueles que ligam suas televisões e clicam em seus vídeos no Youtube. E temporada após temporada os haters e os apaixonados com o programa travam embates em relação ao The X Factor (ele tem que acabar ou não?). O que pode-se concluir é que ele pode ter inúmeros defeitos, mas vai continuar sendo um dos maiores guilty pleasures de todos os tempos.

No Brasil, The X Factor é transmitido pelo canal Sony às quartas e quintas-feiras às 23h.
PLAYLIST